quinta-feira, 22 de abril de 2010

HOMENAGEM À MINHA MÃE


Minha mãe, Edith F.Eibel, sempre foi minha companheira inseparável. Como sua única filha mulher (tenho só mais um irmão), sempre me senti no dever de zelar por ela, em todos os sentidos, desde que passei a comprar meu pão de cada dia, há muito tempo... Até então, ela me fez a pessoa que sou, principalmente no sentido de batalhar honestamente pelas minhas necessidades. Foi um exemplo de profissional na área da moda. Na sua humildade imaginava, criava, costurava e bordava impecavelmente, tudo o que chegava em suas mãos, muito pequeninas. Acompanhou muitas noivas, desde a compra do tecido para o tradicional vestido... debutantes... formandas... e lá se vai a lista de clientes. Até hoje é lembrada no Oeste (São Carlos e Chapecó) e aqui na Capital, por marcar presença na vida de muitas mulheres importantes, em ocasiões iguais. Acompanhei sua trajetória e, quando criança, dormi no chão, aos pés da máquina de costura, em muitas noites de Natal, já agarrada no meu presente, até que ela terminasse o modelo para a Missa do Galo, aguardado pela cliente, na sala de costuras. Tudo o que ela fazia, era impecável... Encontrava tempo para fazer comidas deliciosas, pão, cuca alemã, e sempre tinha um jeito alegre de lidar com as pessoas, independente do seu estado de espírito. Acompanhava novelas desde a época do rádio; torcia pelo seu time, o Internacional gaúcho (eu: Gremista); escutava música e me pegava para dançar pela sala, cozinha, ou onde estivesse. Meu pai nos abandonou quando eu tinha só 6 anos de idade e, desde então, ela nunca mais buscou ou aceitou um novo relacionamento. Só depois de adulta, é que entendi o seu receio de colocar um homem na sua vida, que não fosse meu pai. Hoje, quando ouço um noticiário na tv, contando sobre catástrofes familiares, com padrastos, me arrepio e enalteço minha mãe, que é meu exemplo de honradez e garra. Por ter atendido as necessidades minhas e do meu irmão Carlos, com sua velha máquina de costura (minha herança), presto-lhe a homenagem abaixo:


ALTA COSTURA

No tecido da história familiar, as mãos da minha mãe reforçaram as costuras para nos protegerem de qualquer empurrão da vida ...

As mãos de minha mãe uniram, com um alinhavo, as partes do molde, sem esquecer que cada uma é diferente da outra e que, juntas, fazem um todo, como a família ...

As mãos de minha mãe fizeram bainhas para que pudéssemos crescer, para que não nos ficassem curtos os ideais ...

As mãos de minha mãe remendaram os estragos para voltarmos a usar o coração ... sem fiapos de ressentimentos ...

As mãos de minha mãe juntaram retalhos para que tivéssemos uma manta única que nos cobrisse ...

As mãos de minha mãe seguraram presílhas e botões para que estivéssemos unidos e não perdessemos a esperança ...

As mãos de minha mãe aplicaram elásticos para nós podermos adaptar folgadamente às mudanças exigidas pelos anos ...

As mãos de minha mãe bordaram maravilhas para que a vida nos surpreendesse com as suas contínuas dádivas de beleza ...

As mãos de minha mãe cozeram bolsos para guardar neles as moedas valiosas das melhores recordações e da minha identidade ...

As mãos da minha mãe, quando estavam quietas, zelavam os meus sonhos para que alimentassem os meus ideais, com o pó das suas estrelas ...

As mãos da minha mãe seguravam-me com linhas mágicas, quando entrava na vida ... para começar a vesti-la!

As mãos de minha mãe nunca abandonaram o seu trabalho ...
E sei... muito bem ... que hoje, no plano celestial, fazem orações por mim ...

E eu ...
Eu beijo-as espiritualmente, como se lhe pedisse a bênção ...

Um comentário:

  1. Que bacana... conheci seu blog através do Miguel e adorei... A sra. é blogueira assim como a minha mãe, que depois que descobriu a internet virou uma internáuta de mão cheia. Se quiser, dê uma olhadinha no dela... http://doloresjo.blogspot.com.
    A propósito, adoro seu filho e seus cães... rs
    Beijos

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